quinta-feira, 16 de outubro de 2014

A Mídia Ninja como uma nova forma de fazer notícia

Por: Patrícia Buche

Desde as manifestações e protestos realizados em junho de 2013, o Mídia Ninja - que é um grupo de jornalismo que tem sido incensado como revolucionário em seus formatos editoriais e de financiamento – tem ganhado destaque em redes de televisão e redes sociais.

Esse tipo de jornalismo feito por cidadãos comuns munidos de seus smartphones é criticado por sua forma de produção e divulgação. Caracterizado por ter seu financiamento da produção jornalística como responsabilidade do seu público, o Mídia Ninja é criticado não só por profissionais de jornalismo como também por cidadãos comuns.

Mas ao mesmo tempo em que não estão ligados a uma empresa ou partido político e tem a independência de postarem o que quiserem, correm o risco de fazerem um “microjornalismo” para 300 ou 400 pessoas. Nesse caso, perdem outro valor importante para o jornalismo, que é a representatividade social.

“Não se faz jornalismo apenas para seus colegas, para quem pensa igual a você ou para quem já conhece a história: jornalismo deve ser feito de maneira ampla, para a sociedade”, opina o jornalista do Estadão, Paulo Silvestre.

Eu acredito que com a proliferação da internet e a facilidade em ter acesso à notícia e até mesmo produzi-la, faz com que surjam os ninjas, até mesmo porque esse é um tipo de jornalismo feito com baixo custo. 

Mas isso não tira dos profissionais a responsabilidade por continuarem a produzir um conteúdo que tenha credibilidade e informação apurada. A Mídia Ninja resgatou o jornalismo raiz, aquele de ir atrás dos fatos, de estar no lugar certo na hora certa, de mostrar a realidade sem ‘enfeites’.

Falar de imparcialidade no jornalismo é uma hipocrisia se pensarmos que nenhum tipo de 
transmissão da notícia é imparcial. Isso se confirma porque sempre haverá um lado, mesmo que oculto, onde o jornalista defenderá valores, ideias e conceitos. Até o próprio Mídia Ninja, mesmo sendo independente, defende um lado, uma classe, fazendo as pessoas terem apenas uma visão dos fatos. 

O que falta nessa forma de fazer notícia é saber ouvir todos os lados, porque até então o ninja é visto mais como um manifestante do que jornalista e por conta disso, ouve apenas o lado que o interessa, passando para o público somente parte da informação.


Considero o Mídia Ninja jornalismo por estar repassando a sociedade uma informação com relevância e interesse, mas como o jornalismo tradicional, tem suas falhas e precisa aprender a lidar com a ética, a ouvir todos os lados da história e entender que o jornalismo precisa se aproximar do mais imparcial possível, mesmo que isso, muitas vezes, custe ir contra sua própria opinião. 

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