Por: Patrícia Buche
Desde as manifestações e protestos realizados em junho de
2013, o Mídia Ninja - que é um grupo de jornalismo que tem sido
incensado como revolucionário em seus formatos editoriais e de financiamento –
tem ganhado destaque em redes de televisão e redes sociais.
Esse tipo de jornalismo feito por cidadãos comuns munidos de
seus smartphones é criticado por sua forma de produção e divulgação. Caracterizado
por ter seu financiamento da produção jornalística como responsabilidade do seu
público, o Mídia Ninja é criticado não só por profissionais de jornalismo como
também por cidadãos comuns.
Mas ao mesmo tempo em que não estão ligados a uma empresa ou
partido político e tem a independência de postarem o que quiserem, correm o
risco de fazerem um “microjornalismo” para 300 ou 400 pessoas. Nesse caso,
perdem outro valor importante para o jornalismo, que é a representatividade
social.
“Não se faz jornalismo apenas para seus colegas, para quem
pensa igual a você ou para quem já conhece a história: jornalismo deve ser
feito de maneira ampla, para a sociedade”, opina o jornalista do Estadão, Paulo
Silvestre.
Eu acredito que com a proliferação da internet e a
facilidade em ter acesso à notícia e até mesmo produzi-la, faz com que surjam
os ninjas, até mesmo porque esse é um tipo de jornalismo feito com baixo custo.
Mas isso não tira dos profissionais a responsabilidade por continuarem a
produzir um conteúdo que tenha credibilidade e informação apurada. A Mídia
Ninja resgatou o jornalismo raiz, aquele de ir atrás dos fatos, de estar no
lugar certo na hora certa, de mostrar a realidade sem ‘enfeites’.
Falar de imparcialidade no jornalismo é uma hipocrisia se
pensarmos que nenhum tipo de
transmissão da notícia é imparcial. Isso se
confirma porque sempre haverá um lado, mesmo que oculto, onde o jornalista
defenderá valores, ideias e conceitos. Até o próprio Mídia Ninja, mesmo sendo
independente, defende um lado, uma classe, fazendo as pessoas terem apenas uma
visão dos fatos.
O que falta nessa forma de fazer notícia é saber ouvir todos
os lados, porque até então o ninja é visto mais como um manifestante do que
jornalista e por conta disso, ouve apenas o lado que o interessa, passando para
o público somente parte da informação.
Considero o Mídia Ninja jornalismo por estar repassando a sociedade uma
informação com relevância e interesse, mas como o jornalismo tradicional, tem
suas falhas e precisa aprender a lidar com a ética, a ouvir todos os lados da
história e entender que o jornalismo precisa se aproximar do mais imparcial
possível, mesmo que isso, muitas vezes, custe ir contra sua própria opinião.
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