Por Márcia Araújo
Os indígenas, andantes nativos da Tríplice Fronteira, vivem em
comunidades na Argentina e no Paraguai. Eles atravessam as fronteiras
com a esperança de receber algum tipo de ajuda. A maioria são crianças,
que desde muito cedo já aprendem a sobreviver pelas ruas. Eles vêm para o
Brasil acompanhado pelos pais ou algum adulto. Geralmente estão
descalças, com pouca roupa, assim arriscam suas vidas nas ruas
movimentadas de Foz do Iguaçu em busca de uma moeda.
A
comunidade Guarani Yriapu, que significa Barulho das Águas, cujo nome é
relacionado com as Cataratas do Iguaçu, localizada na Argentina, está em
uma reserva de 265 hectares de terra, espaço geograficamente isolado, a
cerca de 30 quilômetros da fronteira do Brasil. Na aldeia vivem cerca
de 110 famílias. Marcelo Pinheiro, cacique da aldeia, enfatiza que os
indígenas precisam de ajuda. “Apesar de receberemos ajuda do governo,
não é suficiente, pois existem muitas crianças, temos muita
dificuldade”. Os trabalhos artesanais realizados pela tribo, não são
suficientes para manter as necessidades básicas das famílias.
Algumas peças artesanais são produzidas com sementes nativas,
cultivadas na própria aldeia. O plantio de sementes, possibilita a
fabricação de produtos por um custo bem menor. Um exemplo é um colar
fabricado com a semente por nome, lágrima de virgem.No centro da
aldeia os visitantes se deparam com uma mesa improvisada, feita por
tábuas de madeira, onde ficam expostos os artesanatos, como o chocalho, a
cestaria com taquara e cipó, estátuas em madeiras, colares, brincos e
pulseiras. As peças são vendidas para turistas que visitam a comunidade.
Além dos objetos os visitantes se encantam com as crianças, que
brincam pela aldeia e ajudam na fabricação dos artefatos. Os pequenos se
divertem, o sorriso estampado em seus rostos parece não entender a
realidade que está em sua volta.
A falta de recursos da aldeia
guarani, não impediu a abertura de um colégio dentro da própria
comunidade. A escola Yriapu funciona deste de 1995 e conta com
aproximadamente 60 alunos e 13 funcionários, incluindo professores,
secretaria, supervisora e zeladores. A diretora Marcela explica que o
educandário atendia apenas o 1° grau do ensino fundamental, mas no
início do mês de setembro a escola passou a atender o 2° grau do Ensino
Médio. Marcela luta para um desafio ainda maior, instituir uma faculdade
dentro da tribo, onde os próprios alunos possam se formar, “ A ideia é
que eles sejam seus próprios professores, que tenham seus próprios
médicos, que eles se integrem à sociedade.
A proposta da escola é fundamentada na Lei de 1420, estimulada no ano
de 1884 na Argentina pelo Presidente Domingo Faustino Sarmiento, onde
determina que todos tenham o mesmo direito a alfabetização. Assim o
governo da Argentina, em 2006 aprovou a lei 26606, o artigo 52/53/54,
especificando os direitos da Educação Intercultural Bilíngüe aos
indígenas e as modalidades do sistema educativo Inicial Primário e
Secundário, garantindo os direitos constitucional dos povos nativos,
conforme a Lei 75 o artigo 17, da Constituição Nacional, garante a eles,
uma educação que contribua para fortalecer sua cultura, língua e
identidade étnica.
A escola precisa de estrutura e recursos matérias, mas tudo isso é
apenas um detalhe, diante da vontade e dedicação desses nativos em
aprender.A comunidade Yriapu completou 70 anos de existência.
Em entrevista com o antropólogo e historiador Francisco Amarilla
Barreto, guia turístico dessa região, ele descreve o privilegio de
conhecer as aldeias e viver tão perto de uma realidade que faz parte do
começo da nossa vivência. “É de grande elogio que ainda existe o povo
nativo, durante os longo 500 anos, sendo enganados e mal tratado,a
existência deles hoje é por um Milagre”.
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