segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PUERTO ABRAÇA O IGUAÇU


Uma bola cruza a avenida. Imediatamente um carro diminui a velocidade assim como os demais que o seguem. Não demora muito e uma criança de não mais que sete anos, atravessa o trecho correndo até chegar à outra margem do perímetro. Ela pega a bola, cruza serenamente a rua e volta ao playground.

Este poderia ser o relato sobre pais irresponsáveis se não estivéssemos na Avenida Costaneira, em Puerto Iguazu, Argentina.

Inaugurado há pouco mais um ano, o trecho que vai do Marco argentino das Três Fronteiras até o porto da cidade  agora é chamado de Costanera Eduardo Arrabal, em homenagem ao empresário local. Possui 1.666 metros e conta com Wi-Fi, anfiteatro, estacionamento, restaurante, área recreativa além de uma ciclovia.

Para quem se lembra do antigo pub La Barranca, a Costaneira pode trazer nostalgia. A vista que sempre encantou os baladeiros, agora é também um ponto de encontro para famílias inteiras que se reúnem ali para tomar mate e conversar. Enquanto adolescentes namoram, as crianças penduram-se nos brinquedos do parquinho e correm de um lado para o outro. A sensação é de um verdadeiro abraço ao rio Iguaçu.

Todos os dias às 18h30, hora local, acontece a ginástica comunitária no palco do anfiteatro. Mulheres de todas as idades fazem uma mistura de body dance com power jump ao som de música tecno remixada pelo próprio professor que é voluntário no projeto. “É lindo, uma beleza. As pessoas veem esta natureza e já ficam animados” diz Ana Lopez ao finalizar a ginástica.

Apesar de aprovar a obra, alguns questionam a variedade de opções de lazer na Costaneira. “Faltam barras para alongamento e musculação e um acesso livre ao rio para prática de canoagem e remo como em outros lugares do país” explica Pablo Calibar. A opinião é compartilhada também por Mirta Carrasco. Moradora da cidade há três anos ela diz que todos que chegam ao lugar gostariam de tocar o rio. “Deveria ter uma praia aqui. É só o que está faltando”, garante.


A DÁDIVA

Após formar as Cataratas do Iguaçu, principal fonte de riqueza da cidade, o rio segue gerando renda até desembocar no rio Paraná.

A partir da ponte Presidente Tancredo Neves, que liga Brasil e Argentina, a margem fica repleta de pequenas colônias de pescadores, passeios turísticos, transporte de balsa e atéum pequeno estaleiro.

A movimentação intensa não significa uma exploração predatória do rio. Talvez a nova percepção de uma cidade que aprendeu a não dar as costas a ele.


Como a Beira Rio em Foz

Antes de ser remodelada para se transformar no que é hoje, a Costaneira de Puerto Iguazu era o que podemos comparar com a Avenida Beira Rio, às margens do rio Paraná, em Foz do Iguaçu. Menor que a homônima iguaçuense, funcionava apenas como um acesso rápido entre o Marco das Três Fronteiras e o centro da cidade. O lugar ainda tinha problemas como  jovens que reuniam-se para beber e usar drogas além da presença de contabandistas na fronteira com o Paraguai.
Enquanto a Avenida Beira Rio espera pelo Beira Foz, projeto de revitalização da orla do rio Paraná, a costa de Puerto Iguazu já é realidade. A remodelação é parte de uma cultura urbanística no país que valoriza a integração das cidades com os rios. Só os 1.800 quilômetros do Rio Paraná que corre dentro da Argentina possui mais de cinco grandes costaneiras com mais de 2 km de extensão que incluem até mesmo praias às margens do Rio.

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