sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Mídia Ninja: nuances entre jornalismo, ideologias radicais e a realidade



Por Márcio Albino e Roberta Campos

Nesta semana, tornou-se viral em algumas partes do mundo, uma foto tirada em Jerusalém na qual um judeu agressivamente parece gritar com uma mulher muçulmana. Os comentários acerca da fotografia geraram indignação a ponto de reforçar os antigos argumentos de ódio no conflito Israelense-Palestino.

Seria mais um episódio de intolerância, tão comum naquela região, se a foto não tivesse sido questionada. Uma análise mais detalhada possibilitou um outro olhar da mesma realidade.

A mulher muçulmana segurava um Tehilim (livro de salmos judaico). Por que usaria isto? Foi descoberto outra imagem na qual aparecia com clareza a mulher retirando a força da mão do judeu seu livro sagrado.



Pequenas letras embaraçadas em poucos pixels mudam toda a história.

Coisa similar ocorreu nos manifestos de julho de 2013, no qual as ruas do Brasil lotaram-se de uma população revoltada (ou curiosa) quanto ao preço de um passagem. Os vinte centavos multiplicaram os milhões que confrontaram a polícia e outras autoridades.

E confrontos geram feridos. A mídia convencional, que até então estava indiferente, entrou na briga após uma repórter ter sido acertada no olho por uma bala de borracha de um policial.

Este foi o estopim necessário para uma guerra não apenas política, mas midiática.

A Mídia Ninja surgiu da mesma forma que os relatores daquele causo em Jerusalém nesta semana: de forma descontraída, registraram o acontecimento de perto com seus smartphones. 

A iniciativa revela uma forma mais líquida e funcional de Jornalismo, mas tal como a imprensa tradicional, não está livre das garras da distorção dos fatos. Nunca está, nunca esteve e nunca estará.
A critica que pairava sobre os meninos emana o medo de uma prática que é acessível a todos. Ao mesmo tempo que se todos podem usar, todos podem editar. A facilidade é tanta para a promoção de fatos que a mídia tradicional ignora, tanto quanto para a mesma técnica de distorção das notícias e dos eventos.

Talvez seja cedo pra falar de algo que está nascendo, não se conhece direito este filhote, bastardo da imprensa tradicional que carrega no seu gene a herança de uma obrigação ética.
Num mundo hedonista, onde a ficção gera prazer, fica difícil traçar a tênue linha entre os factos e o uso deles para movimentos político-sociais. Para muitos, os fins justificam os meios, pois a ideologia se torna mais importante do que a prática jornalística com ética e confiabilidade. 

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