quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ramiro: exemplo de superação

 
Nayara Cavalhieri
           
No Jardim das Flores, em Foz do Iguaçu, mora um senhor com 73 anos: Ramiro Vieira. Um grande exemplo de pessoa que não se deixa abater por obstáculos que, no decorrer da vida, vão surgindo.
 
Ainda na juventude, ele já percebia uma tremor nas pontas dos dedos e, aos 25 anos, veio o diagnóstico: ele teria que conviver com o mal de Parkinson pelo resto da sua vida.

Com o passar do tempo casou-se, formou uma família e teve nove filhos; seu trabalho era o sustento. A tremura não o impediu de exercer a marcenaria, contribuindo com as empresas que ajudaram no desenvolvimento da cidade de Foz do Iguaçu. Nas horas vagas, o "senhor" Ramiro desenvolvia seu “hobby”, o artesanato. Uma de suas primeiras obras foi o violão, que ele usava para louvar a Deus na igreja que frequentava com a família.

Após trabalhar 30 anos como marceneiro e servir a igreja, os tremores aumentaram dificultando seu desempenho. Por questão de segurança, foi necessário aposentar-se e deixar de lado um dos seus talentos: a música.

Mesmo assim, "seo" Ramiro não desanimou; ele já tinha prática e, passou a fazer os trabalhos artesanais no quintal da casa.

A experiência com o produto é notável. Ramiro conhece cada tipo de madeira, porém o tremor não o impediu de usar suas ferramentas como a furadeira e o serrote com facilidade. 

As obras de arte feitas por mãos calejadas chamam atenção pelos detalhes. Há cavalos, porta-retratos,  réplica de um monjolo, de um pilão e uma caixa para guardar algumas ferramentas, como por exemplo, o serrote que foi feito por ele mesmo, pois o cabo faz parte das suas obras, transformadas em instrumento de trabalho e que é usado para criar os seus produtos.  

Muitos artesanatos fazem parte dos trabalhos do senhor Ramiro. Cada peça é feita pensando no prazer de agradar o próximo; não há objetivo de lucro já que cada objeto é feito com um amor especial. Nesta lista estão anéis e alianças elaborados com moedas antigas que já foram parte dos presentes que ele deu para suas filhas e netas.

Apesar da doença e da idade que ele tem, não ha impedimento para se movimentar e trabalhar. “Há muitas pessoas que dizem que o idoso não pode trabalhar, mas a cabeça da gente não pode ficar parada é melhor trabalhar do que ficar pensando em outras coisas”, diz.  O silêncio só vem a tona quando é feita alguma pergunta a respeito da sua enfermidade. É no artesanato que ele encontra foça ao longo dessa vida de restrições.

A companheira

O senhor Ramiro tem uma companheira, a senhora Carmelita que está ao seu lado há mais de 50 anos. Ela conta como é o dia a dia deles.  “Eu não o considero doente, com essa tremura estou acostumada” diz ela. Carmelita gosta de ver o senhor Ramiro trabalhando com o artesanato, pois para ela, esse trabalho o ajuda a se distrair.

São impressionantes a fé, a criatividade e o otimismo que ele projeta nos objetos. Isso é uma superação. O senhor Ramiro Vieira  é admirado por todos que o visitam. “É impressionante como ele faz os seus artesanatos, pois devido a doença a dificuldade aumenta, mas ele não desiste até conseguir, ele é um exemplo de vida” diz Cecília Ponciano, vizinha há mais de 20 anos.



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