REPÓRTER: MÁRIO CELSO
EDITOR: TIAGO DOUGLAS
Entre
os 27 partidos políticos de Foz do Iguaçu, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)
é segundo menor da cidade à frente apenas do Partido Pátria Livre (PPL) com três
integrantes. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maio de 2012,
dos 25 mil filiados inscritos em todas as agremiações políticas na fronteira, somente
20 são integrantes do PSOL. E esta é apenas uma das dificuldades da agremiação para
manter-se ativo no cenário político de Foz do Iguaçu.
Fundado
em 6 de junho de 2004,
após a expulsão dos parlamentares Heloísa Helena, Babá, João Fontes e Luciana Genro do PT, o PSOL foi criado na cidade em 2006
pelo empresário Nagib Chain. Neste ano,
o partido vivia uma ascensão nacional devido à candidatura de Heloisa Helena à
presidência da República. Em Foz do Iguaçu, porém, o auge do crescimento ocorreu
somente em 2011, quando alcançou a marca de 35 filiados.
O
PSOL não tem sede. As reuniões são realizadas em uma sala cedida por um
partidário na Rua Rui Barbosa, 1371. Sem diretório, o partido se orienta na
cidade a partir de uma comissão provisória composta por sete pessoas. As
reuniões são realizadas mensalmente e quando há algum assunto extraordinário é
convocada uma reunião especial. Nos encontros, não há uma organização
hierárquica e os participantes ficam dispostos em círculo para debater os
assuntos do partido.
Apesar
das dificuldades físicas, o presidente
do Psol de Foz do Iguaçu, o
médico psiquiatra José Elias Aiex Neto, diz que o número de filiados não incide
no poder da militância e acredita nos ideais partidários do PSOL para
sobressair-se na política iguaçuense. Segundo ele, os projetos do partido
encaixam-se na busca para resolver as profundas desigualdades sociais existentes
em Foz do Iguaçu. “Estamos nos transformando
em uma cidade de condomínios fechados, muitos deles construídos em áreas de
preservação ambiental, e nos quais a classe média alta se refugia da violência
que é uma das
marcas da cidade. Tanto é que estamos sempre entre as cidades
mais violentas do país”, conclui Aiex.
José Elias Aiex Neto, presidente do PSOL de Foz do Iguaçu
FOTO: MÁRIO CELSO
Outra deficiência que o PSOL enfrenta é com as alianças
partidárias. Decididas nas deliberações do PSOL nacional, o partido só faz
coligações com agremiações que consideram “verdadeiramente socialistas”, como o
PCB e o PSTU.
Para as eleições municipais de 2012 o partido, que lançará
candidato próprio, enfrentará um panorama ainda mais estrito. A legenda contará
apenas com o com o apoio do PCB, pois o PSTU ainda não está organizado na
cidade. O fato não gera euforia no presidente do PSOL. “Não temos grandes expectativas em relação a vencer as eleições, porém
sabemos que a nossa ideologia será bem melhor entendida pela população, pois
durante as eleições a imprensa é obrigada a dar espaço para todos os partidos
que tiverem candidatos, e não apenas para os que têm dinheiro para comprar
espaço na mídia,” complementa o presidente.
Desde que iniciou as atividades em Foz do
Iguaçu, o PSOL nunca conseguiu eleger um candidato e atua como oposição mesmo
fora do legislativo municipal. As críticas à atual administração concentram-se
no gasto do dinheiro público. Pagamentos de servidores não concursados e
criação de novas secretarias são, segundo o presidente do PSOL, “cabides
políticos”. Aiex denuncia também que o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi gasta
mais de 15 milhões de reais por ano para pagar salários de pessoas que são
indicadas por partidos que apóiam o atual governo.
O Partido Liberdade e Socialismo representa a
ala mais à esquerda da política brasileira. Vários de seus integrantes são
dissidentes de partidos com ideologia socialista que flexibilizaram seus
discursos em busca de alianças políticas. Hoje o partido comunga filiados em
diferentes níveis sociais. O próprio presidente é médico e psiquiatra, mas rebate
o argumento de que sua posição social e econômica o categoriza como elite,
conceito demonizado nas alas mais radicais do partido. Classifica-se como um
humanista na busca a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Sou
servidor público e me orgulho disso. Vivo do meu salário e não tenho pretensões
de ficar rico, pois a minha gratificação maior reside na melhora e na cura de
meus pacientes”, afirma Aiex.
Num cenário político que torna cada vez mais
duro a fidelidade às crenças ideológicas, o PSOL aponta para o que o presidente
define como seu maior desafio: fazer com que a população iguaçuense entenda que,
segundo o partido, a política se constrói a partir de ideologia, e não de
interesses escusos. “Precisamos que isso
aconteça. Esse é um dos motivos pelos quais disputamos eleições com uma
estrutura tão pequena”, conclui.
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