quarta-feira, 13 de junho de 2012

PSOL BUSCA MANTER-SE ATIVO NO CENÁRIO POLÍTICO DE FOZ DO IGUAÇU




REPÓRTER: MÁRIO CELSO
EDITOR: TIAGO DOUGLAS

Entre os 27 partidos políticos de Foz do Iguaçu, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) é segundo menor da cidade à frente apenas do Partido Pátria Livre (PPL) com três integrantes. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maio de 2012, dos 25 mil filiados inscritos em todas as agremiações políticas na fronteira, somente 20 são integrantes do PSOL. E esta é apenas uma das dificuldades da agremiação para manter-se ativo no cenário político de Foz do Iguaçu.

Fundado em 6 de junho de 2004, após a expulsão dos parlamentares Heloísa Helena, Babá, João Fontes e Luciana Genro do PT, o PSOL foi criado na cidade em 2006 pelo empresário Nagib Chain. Neste ano, o partido vivia uma ascensão nacional devido à candidatura de Heloisa Helena à presidência da República. Em Foz do Iguaçu, porém, o auge do crescimento ocorreu somente em 2011, quando alcançou a marca de 35 filiados.

O PSOL não tem sede. As reuniões são realizadas em uma sala cedida por um partidário na Rua Rui Barbosa, 1371. Sem diretório, o partido se orienta na cidade a partir de uma comissão provisória composta por sete pessoas. As reuniões são realizadas mensalmente e quando há algum assunto extraordinário é convocada uma reunião especial. Nos encontros, não há uma organização hierárquica e os participantes ficam dispostos em círculo para debater os assuntos do partido.                           

Apesar das dificuldades físicas, o presidente do Psol de Foz do Iguaçu, o médico psiquiatra José Elias Aiex Neto, diz que o número de filiados não incide no poder da militância e acredita nos ideais partidários do PSOL para sobressair-se na política iguaçuense. Segundo ele, os projetos do partido encaixam-se na busca para resolver as profundas desigualdades sociais existentes em Foz do Iguaçu. “Estamos nos transformando em uma cidade de condomínios fechados, muitos deles construídos em áreas de preservação ambiental, e nos quais a classe média alta       se refugia da violência que é uma das   
marcas da cidade. Tanto é que estamos sempre entre as cidades mais violentas do país”, conclui  Aiex.

                         José Elias Aiex Neto, presidente do PSOL de Foz do Iguaçu
FOTO: MÁRIO CELSO

Outra deficiência que o PSOL enfrenta é com as alianças partidárias. Decididas nas deliberações do PSOL nacional, o partido só faz coligações com agremiações que consideram “verdadeiramente socialistas”, como o PCB e o PSTU.

Para as eleições municipais de 2012 o partido, que lançará candidato próprio, enfrentará um panorama ainda mais estrito. A legenda contará apenas com o com o apoio do PCB, pois o PSTU ainda não está organizado na cidade. O fato não gera euforia no presidente do PSOL. “Não temos grandes expectativas em relação a vencer as eleições, porém sabemos que a nossa ideologia será bem melhor entendida pela população, pois durante as eleições a imprensa é obrigada a dar espaço para todos os partidos que tiverem candidatos, e não apenas para os que têm dinheiro para comprar espaço na mídia,” complementa o presidente.

Desde que iniciou as atividades em Foz do Iguaçu, o PSOL nunca conseguiu eleger um candidato e atua como oposição mesmo fora do legislativo municipal. As críticas à atual administração concentram-se no gasto do dinheiro público. Pagamentos de servidores não concursados e criação de novas secretarias são, segundo o presidente do PSOL, “cabides políticos”. Aiex denuncia também que o prefeito Paulo Mac Donald Ghisi gasta mais de 15 milhões de reais por ano para pagar salários de pessoas que são indicadas por partidos que apóiam o atual governo.

O Partido Liberdade e Socialismo representa a ala mais à esquerda da política brasileira. Vários de seus integrantes são dissidentes de partidos com ideologia socialista que flexibilizaram seus discursos em busca de alianças políticas. Hoje o partido comunga filiados em diferentes níveis sociais. O próprio presidente é médico e psiquiatra, mas rebate o argumento de que sua posição social e econômica o categoriza como elite, conceito demonizado nas alas mais radicais do partido. Classifica-se como um humanista na busca a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “Sou servidor público e me orgulho disso. Vivo do meu salário e não tenho pretensões de ficar rico, pois a minha gratificação maior reside na melhora e na cura de meus pacientes”, afirma Aiex.

Num cenário político que torna cada vez mais duro a fidelidade às crenças ideológicas, o PSOL aponta para o que o presidente define como seu maior desafio: fazer com que a população iguaçuense entenda que, segundo o partido, a política se constrói a partir de ideologia, e não de interesses escusos. “Precisamos que isso aconteça. Esse é um dos motivos pelos quais disputamos eleições com uma estrutura tão pequena”, conclui.

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