terça-feira, 5 de março de 2013

“Homem do crochê” : uma história de superação


Por Rafaelle Gerhardt - 5o. Jornalismo

 
 
 
Se você tem como caminho diário a Avenida JK, já deve ter notado que ali, quase sempre no canteiro, tem um homem fazendo crochê. Um trabalho manual geralmente desempenhado por mulheres se tornou o ofício e ganha-pão de Marcos Ziemann.

 

Natural de Cruzeiro do Oeste, o paranaense Marcos, hoje com 40 anos, já passou por muitos desafios na vida. Divorciado, tem um filho de 20 anos e há quatro meses mora em Foz do Iguaçu. Antes, morou em vários lugares. Entre idas e vindas, a Terra das Cataratas é o lugar para onde Marcos sempre volta.

 

 

A história


Um homem como Marcos desperta curiosidade, não? Convidamos você a conhecer um pouco da história dele, um misto de perseverança, sonhos e esperança.

 

Desde muito cedo, ainda criança, começou a trabalhar para ajudar no sustento de casa. Aos sete anos começou a vender sorvete. Depois foi cobrador, guarda-costas, enfim, exerceu outras profissões até que o alcoolismo deu outro rumo à sua vida.

 

O interesse pelo crochê surgiu quando era detento no interior de São Paulo. Marcos conta que o álcool e as drogas acabaram com tudo o que tinha. Quando se viu em nada, começou a praticar assaltos para sustentar o vício. 
 
“Eu fazia muita coisa errada, bebia, dava vexame, humilhava a mim e as pessoas, e no outro dia eu acordava arrependido. Sempre pedia a Deus para que me ajudasse, até que fui preso. Ali, onde não existia drogas, álcool e prostituição, tudo começou a mudar. Mesmo tendo alguns anos para cumprir, eu só agradecia a Deus”, desabafa.

 

Marcos conta que estar dentro de uma penitenciária é difícil, principalmente pelo tempo, que parece não passar. “Tudo é muito lento”. Ao ver outro detento fazendo crochê, decidiu que se ocuparia com a mesma atividade. Foi a partir daí que a paixão surgiu e segue há 16 anos.

  

“É um trabalho que mexe com o ego. Ao terminar uma peça, as pessoas começam a elogiar e isso fica na minha mente como algo bom, criado por mim. Porque no mundo do crime, você faz coisas ruins e feias. Em contrapartida, comecei a aprender algo que resultou em elogios. O processo é lento e difícil. Ainda estou evoluindo, é uma luta diária, espero ser bem melhor do que sou. Acredito que estou no caminho”.

 

 

Reconstruindo a vida


Durante o tempo em que esteve preso, Marcos terminou o ensino médio e passou a gostar de ler. Através da leitura, apaixonou-se por filosofia.

 

Em março, vai realizar uma prova seletiva para o curso de pré-vestibular da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e almeja fazer a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para fazer um curso de graduação com bolsa integral.

  

“Meu objetivo é ser, porque quando era ter, tive a “dor de cabeça, né?! brinca. Então, ser melhor todos os dias, e me capacitar intelectualmente para quem sabe um dia, dar aulas, compensar toda a inutilidade da minha vida até agora e lá na frente ser motivo de orgulho para meu filho”.

 

  

Para conhecer


De segunda à segunda das 7h às 19h, no canteiro da JK, próximo a Confeitaria Jauense.

O preço do artesanato é estipulado conforme o tempo de confecção de cada peça.

 

 

2 comentários:

  1. PARABÉNS PELA CURA <DEUS AJUDA QUEM QUER

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  2. gostei muito dessa história de superação. Já estou seguindo o blog
    http://byluab.blogspot.com.br/

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